Bom, amigos, estou em bBelém novamente e revi vários de meus amigos poraqui até agora... fiquei naquele turbilhão e resolvi escrever... então até agora o que saiu foi +- isso, me inspirei um pouco no poema do Drummond, A Mesa:
A Cidade dos que Vão
Houve um dia uma cidade
onde todos já nasciam predestinados a partir
Uma cidade que reunia o acervo mais fantástico
de fatos e almas.
Uma cidade onde se podia deixar levar pelo turbilhão do tempo
mesmo ciente de que quando a confusão passasse, pouco restaria
de nós mesmos e daquilo que nos cercava.
E o tempo passou, e o correr do relógio só fez tornar cada vez mais evidente
aquilo para o que todos já estavam cientes desde muito.
A hora finalmente se aproximava, o torpor adolescente finalmente dava seus últimos suspiros.
A nova guerra começava.
Eu mesmo fui o primeiro a partir, embora no fundo nunca tenha deixado a cidade de verdade.
E saí e retornei, como quem vem para dizer adeus.
Não, não às almas que cruzaram meu caminho, mas vim dizer adeus a mim mesmo, a quem eu
sou
Ou costumava ser...
Vim como quem quer dar uma última olhada, como quem ainda busca vestígios de uma existência
quase surreal.
Embora a cidade ainda exista, com seus prédios, ruas, carros...
Os fatos nunca mais serão os mesmos, as almas nunca mais serão as mesmas.
O tempo que preenchi jamais será ocupado novamente.
E aquele laço que se forma na tenacidade do momento em que as pessoas se encontram,
jamais será modificado. Aquelas pessoas, naquele tempo, estarão unidas para sempre.
Nenhuma das pessoas é mais a mesma,
não importa o quão amigos ainda sejamos ou o quão inimigos nos tornamos,
não somos mais os mesmos, e isso só cria um aperto maior, pois não importa
quanto tempo eu permaneça aqui, quantas vezes eu encontre meus mais queridos
amigos, a verdade é que desde que parti, nunca mais pude retornar... pois nunca mais
pude retomar meu antigo eu.
Ah, como sinto falta da despreocupação que aquela cidade me dava, da distração que eu mesmo
me proporcionava, como sinto falta de minha arrogância inocente...
Mas todos precisam partir, cedo ou tarde, e eu apenas fui o primeiro de muitos outros.
Mesmo não deixando a cidade, muitos vão partir ao girar do moinho do tempo, esse moedor
de almas, alquimista do ego.
Não mais reunirei as pessoas queridas nesta cidade, mas isso não importa.
Eles encontram-se unidos de uma forma que nem Deus, nem o tempo, nem eu mesmo poderão destruir.
Todos estarão para sempre unidos apesar da cidade estar
Vazia.
Houve uma cidade... um dia....
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